sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Cuidado com as expectativas exageradas! (Ou, Descendo das nuvens)



Nos dias de hoje, somos levados a acreditar que status e fama trazem felicidade. Segundo Polly Young Eisendrath, psicóloga junguiana americana, essa crença pode trazer uma série de problemas de auto-estima, pois normalmente temos expectativas altas e irreais com relação a nós mesmos ou aos outros. Estas expectativas exageradas, que geralmente não se concretizam, podem gerar problemas sérios posteriormente. A pessoa, que antes acreditava ser capaz de atingir a fama ou status, acaba sentindo-se deprimida e incapaz, o que também não é verdadeiro.

Segundo Polly Young, devemos nos lembrar de que somos seres humanos comuns, e que para sermos bem-sucedidos em qualquer atividade precisamos da ajuda de inúmeras pessoas que estão à nossa volta. Ninguém consegue ser bem-sucedido sozinho, sem ajuda, sem apoio ou sem a humildade de aprender com os mais experientes. Existe um processo de aprendizado e desenvolvimento das nossas capacidades que pode levar muitos anos até atingirmos o nível de reconhecimento externo. Mais importante que o reconhecimento externo (status e fama), é termos paciência com nossos erros e disposição para aprender. O que acontece hoje em dia, é que queremos que o reconhecimento venha de forma rápida, precisamos de elogios para nos sentirmos valorizados, e isso muitas vezes não acontece da forma como esperamos, nos causando muita angústia e vontade de desistir.


Se pensarmos em nós mesmos como seres humanos comuns, sem expectativas irreais de fama, riqueza ou status, podemos nos tornar mais felizes com o que somos. O autoconhecimento é fundamental nesse processo de mudança de expectativas. Saber nossos pontos fortes e fracos nos ajuda a ter uma visão mais realista de nós mesmos. A disposição e humildade para aprender, sabendo que os erros fazem parte da caminhada, nos ajuda a chegar onde queremos. Para sermos felizes, o mais importante é estarmos satisfeitos conosco mesmos, conscientes de nossas limitações, sem expectativas exageradas com relação a nós ou aos outros.


Um bom final de semana!
Rosana

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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Cardápio da Alma (Martha Medeiros)


Comecei este ano sem tempo de blogar - trabalho, minhas duas filhas e a gravidez de 7 meses, mais uma pequena reforma em casa para receber um bebê - isso tudo tem me ocupado nos últimos meses.

Pra começar o ano (já um pouco tarde), escolhi um texto da Martha Medeiros (eu adoro os textos dela!) que eu acho que vem bem a calhar para esta época em que vivemos com tantas coisas na cabeça, esquecendo muitas vezes de alimentar a alma.

Cardápio da Alma
Arroz, feijão, bife, ovo. Isso nós temos no prato, é a fonte de energia que nos faz levantar de manhã e sair para trabalhar. Nossa meta primeira é a sobrevivência do corpo. Mas como anda a dieta da alma?

Outro dia, no meio da tarde, senti uma fome me revirando por dentro. Uma fome que me deixou melancólica. Me dei conta de que estava indo pouco ao cinema, conversando pouco com as pessoas, e senti uma abstinência de viajar que me deixou até meio tonta. Minha geladeira, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida. Você já se sentiu assim também, precisando se alimentar?

Revista, jornal, internet, isso tudo nos informa, nos situa no mundo, mas não sacia. A informação entra dentro da casa da gente em doses cavalares e nos encontra passivos, a gente apenas seleciona o que nos interessa e despreza o resto, e nem levantamos da cadeira neste processo. Para alimentar a alma, é obrigatório sair de casa. Sair à caça. Perseguir.

Se não há silêncio a sua volta, cace o silêncio onde ele se esconde, pegue uma estradinha de terra batida, visite um sítio, uma cachoeira, ou vá para a beira da praia, o litoral é bonito nesta época, tem uma luz diferente, o mar parece maior, há menos gente.

Cace o afeto, procure quem você gosta de verdade, tire férias de rancores e mágoas, abrace forte, sorria, permita que lhe cacem também.

Cace a liberdade que anda tão rara, liberdade de pensamento, de atitudes, vá ao encontro de tudo que não tem regras, patrulha, horários. Cace o amanhã, o novo, o que ainda não foi contaminado por críticas, modismos, conceitos, vá atrás do que é surpreendente, o que se expande na sua frente, o que lhe provoca prazer de olhar, sentir, sorver. Entre numa galeria de arte. Vá assistir a um filme de um diretor que não conhece. Olhe para sua cidade com olhos de estrangeiro, como se você fosse um turista. Abra portas. E páginas.

Arroz, feijão, bife, ovo. Isso me mantém de pé, mas não acaba com meu cansaço diante de uma vida que, se eu me descuido, torna-se repetitiva, monótona, entediante. Mas nada de descuido. Vou me entupir de calorias na alma. Há fartas sugestões no cardápio. Quero engordar no lugar certo. O ritmo dos dias é tão intenso que às vezes a gente esquece de se alimentar direito.

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Um ótimo começo de ano a todos, lembrando sempre de alimentar a alma de coisas boas, sempre!

Beijos,
Rosana